
“Cinco dias, cinco temas” foi a matriz proposta, com actividades diversas a promover em cada dia segundo a temática escolhida: “D. Afonso Henriques e a Batalha de S. Mamede”, “O Infante D. Henrique e as Descobertas”, “D. João IV e a Restauração da Independência”, “Da Monarquia à República” e “O 25 de Abril - Democracia e Liberdade”. Procurou traçar-se uma panorâmica sobre os períodos mais significativos da história de Portugal desde a mais longínqua à mais actual realçando, como não podia deixar de ser, o Centenário do Nascimento do Fundador, cujas comemorações incidiram em 2009, e o Centenário da Implantação da República, a decorrer este ano.
Deste modo, exposições variadas como fotografias, caricaturas

O autor do trabalho em pré-publicação: “Guimarães no século XX” abordou a temática das comemorações da República traçando uma panorâmica curiosa e interessante sobre os primeiros tempos da República em Guimarães, pois, à natural e pacífica da implantação seguiram-se as mais variadas vicissitudes acompanhando as turbulências desses primeiros tempos republicanos. Com efeito, os alunos do nono ano puderam registar acontecimentos significativos vividos em Guimarães, aquando da implantação da República e nos anos subsequentes, que muito os interessaram.
Ficaram a saber que, enquanto que, em Lisboa, no dia 5 de Outubro de 1910, já se festejava esta nova forma de governo, Guimarães permanecia num total desconhecimento deste facto e assim permaneceu toda a semana seguinte. Tais eram as comunicações 100 anos atrás! De facto, só a 12 de Outubro, por carta, o Presidente da Câmara, Abade de Tagilde, comunicou que tinha sido destituído do cargo.
No dia 13 de Outubro, a passagem de testemunho para os republicanos, na pessoa de um jovem e respeitado advogado, o Dr. Eduardo de Almeida, foi pacífica e Guimarães, que não “desejou a República, aceitou-a com cortesia”, como prova o famoso “episódio dos chapéus” no mês seguinte: Na praça D. Afonso Henriques (actual Toural), os ilustres vimaranenses não tiraram as cartolas às entidades republicanas que aí desfilava, pois, mantinham o coração monárquico! Aliás, mais tarde, ocorreram fortes manifestações, quer aquando da nacionalização dos bens da Igreja, quer nos períodos eleitorais, demonstrando que a população estava dividida mesmo dentro da ideologia republicana, pois havia facções antagónicas. Os cidadãos eleitores da cidade seriam à volta de 4000.
Como factor de desenvolvimento, a República contribuiu para o reforço da importância da Escola criando edifícios escolares de raiz, pois, até então, as aulas funcionavam em “escolas móveis” ou em casas e salas arrendadas para esse efeito. Exemplos desta política de valorização do estudo e da educação da população são a passagem do Seminário para Liceu de Guimarães e a construção de raiz, em Urgezes, da escola primária mais antiga do concelho com edifício próprio - a actual Escola Básica do 1.º Ciclo Francisco dos Santos Guimarães.
No entanto, a falta de dinheiro proveniente dos impostos, praticamente assentes no mundo rural, afectou a concretização de certos objectivos sociais e provocou instabilidade partidária e governativa, também em Guimarães, principalmente no período da 1.ª Guerra Mundial, e agitações populares como foi a guerra por causa do pão. A burguesia republicana existente em Guimarães era industrial e estava isenta de impostos!...
Dado que o tempo se esgotou sem dar por isso, tornou-se impossível abordar mais assuntos. Os alunos presentes apreciaram muito a temática, o que levou o grupo responsável a agradecer, ao Eng.º Raúl Rocha, a palestra proferida e a lançar-lhe um novo convite para aprofundamento do tema possivelmente no próximo ano lectivo, na semana do Centenário.

A Proclamação da República

A Árvore do Centenário na BE-CRE

Apresentação do Palestrante Eng.º Raúl Rocha